ABRACE A DIFERENÇA!
Autismo
Em meus estudos sobre o TEA, li uma frase que nunca esqueci:
“A linda diversidade da mente do autista”.
Para muitos, isso pode causar estranheza, já que o autismo não é geralmente considerado como uma diferença, mas como uma condição a ser tratada. A verdade é que muitas características dos indivíduos autistas podem ser vistas como positivas.
Hans Asperger, pediatra austríaco que descreveu pela primeira vez a síndrome de Asperger em 1944, chamava muitas crianças autistas de “pequenos professores”. Eles tinham uma enorme capacidade de memória e incrível atenção para os detalhes desde muito novos.
Talvez por isso existam tantos indivíduos com TEA entre os mais extraordinários talentos das artes, música, memória e matemática. Em uma combinação de talento inato, capacidade de foco e muita motivação, as crianças com TEA se dedicam a uma mesma atividade por horas e horas, tornando-se excelentes na área escolhida.
Porém, nem todos os indivíduos no espectro desenvolvem um interesse ou talento específico. Por quê? Uma possibilidade é que todos têm esse potencial, mas nem sempre a oportunidade. Nós acreditamos que cada criança, assim como aquelas diagnosticadas com TEA, tem um talento especial que deve ser identificado, cultivado e transformado em uma habilidade que traga satisfação pessoal e sucesso.
Deixo aqui esse convite a vocês… vamos olhar para o autismo com outros olhos?
Juntos, vamos investir na criança para que ela se desenvolva ao máximo e atinja todo o seu potencial!
Luciana Rocha (Neuropediatra)


saiba mais sobre o autismo
O autismo (TEA) é definido como um distúrbio complexo do neurodesenvolvimento, com amplo espectro de manifestações clínicas. É caracterizado por prejuízos na interação social (tanto comunicação verbal, quanto não verbal) e por apresentar padrões restritos, repetitivos e estereotipados de comportamento, interesses e atividades.
O TEA se inicia nos primeiros anos de vida. Porém, seus sintomas são mais facilmente identificados entre 1 e 2 anos de idade. Apesar disso, a maioria dos diagnósticos é feita de forma tardia, no quarto ou quinto ano de vida, o que interfere negativamente nos resultados do tratamento. Nas crianças autistas, iniciar as intervenções antes dos 3 anos está associado a um melhor prognóstico.
Dentro do espectro do autismo, observa-se uma grande variedade dos quadros clínicos. Algumas pessoas, como aquelas com síndrome de Asperger, apresentam alto funcionamento com apenas algumas dificuldades sociais e comportamentais.
No outro extremo, existem casos em que há comprometimento da linguagem, problemas graves de comportamento e deficiência intelectual.
A boa notícia é que o tratamento apropriado pode melhorar muito a qualidade de vida da maioria das crianças com TEA.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a prevalência de TEA no mundo é de 1 para cada 160 crianças. Nas últimas décadas, o número de diagnósticos aumentou consideravelmente em todos os países, principalmente devido a fatores como melhores definições dos critérios diagnósticos, maior atenção primária e o aumento da conscientização popula sobre o assunto.
No Brasil, existem poucos estudos sobre a prevalência de TEA, mas estima-se que exista um caso diagnosticado para cada 350-400 crianças.
O autismo acomete igualmente todas as raças, porém ocorre mais em meninos do que em meninas, na proporção de 4 para 1.
O TEA é causado por uma associação de fatores genéticos e ambientais, sendo que uma causa única nunca foi identificada. Alguns fatores de risco descritos são:
- um dos pais ou irmão com TEA;
- prematuridade;
- baixo peso ao nascer;
- gemelaridade;
- idade avançada dos pais no momento da concepção;
- exposição a algumas medicações durante a gravidez;
- negligência extrema nos cuidados com a criança.
Além disso, o autismo é mais frequentes em portadores de síndrome de Down, síndrome do X frágil e síndrome de RETT.
Qualquer atraso no desenvolvimento da criança, percebido pelos pais ou cuidadores, deve ser comunicado ao pediatra.
A criança que não alcança os marcos do desenvolvimento no tempo certo deve ser avaliada imediatamente! A postura de “aguardar o tempo da criança” é um dos principais erros cometidos e pode resultar em um atraso nas intervenções e prejuízo nos resultados
Retardar o início da estimulação pode resultar na perda do período ótimo para a intervenção, quando o cérebro ainda está formando suas conexões neurais.
E quais são os sinais do TEA mais observados pelos pais e cuidadores nos bebês?
- atraso na fala;
- não sorrir para as pessoas;
- não responder ao próprio nome;
- não se voltar para sons no ambiente;
- não olhar nos olhos;
- ter maior interesse em objetos que nas pessoas;
- ter preferência por dormir sozinho no berço;
- agitação e irritabilidade no colo.
Após os 18 meses, os sinais se tornam mais evidentes, especialmente pelas dificuldades na comunicação e interação social
A Sociedade Brasileira de Pediatria recomenda uma triagem utilizando testes específicos aos 18 e 24 meses de idade. Se os resultados indicarem um risco aumentado para TEA, a criança será encaminhada para avaliação especializada.
É frequente que a criança com TEA apresente outras condições associadas como:
- deficiência intelectual;
- deficiência de linguagem;
- alterações sensoriais;
- transtornos de ansiedade;
- transtorno de separação;
- transtorno obsessivo compulsivo;
- depressão;
- autoagressão;
- transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH);
- epilepsia;
- distúrbios do sono;
- problemas gastrointestinais;
- transtornos alimentares;
- doenças genéticas;
- alterações motoras.
Algumas vezes, o diagnóstico de TEA pode se confundir com outras condições como:
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- deficiência auditiva ou visual;
- deficiência intelectual;
- transtornos da linguagem;
- TDAH;
- transtornos de ansiedade e do apego reativo;
- transtorno obsessivo compulsivo;
- esquizofrenia
- síndrome de Landau-Kleffner (afasia epiléptica adquirida);
- síndrome de Rett.
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Diagnóstico
Quando um atraso no desenvolvimento é detectado, a criança é encaminhada para uma avaliação especializada. Os testes são feitos por uma equipe multidisciplinar composta por neuropediatra, fonoaudióloga, psicóloga e terapeuta ocupacional.
TRATAMENTO
Cada criança com TEA tem características e desafios únicos. Por isso, o plano de intervenção deve ser elaborado individualmente para abordar as suas necessidades específicas.
Os objetivos principais das intervenções são: minimizar os sintomas e comportamentos inadequados, estimular o desenvolvimento cognitivo e cultivar habilidades.